sábado, fevereiro 27, 2010

Cinzas

Vindo do nada, uma surpresa boa e inesperada, as palavras incontidas brotaram e floresceram num rendilhado terno e mágico de encantar.
Ela resiste, ele insiste. Ele não desiste e ela acaba por desistir e deixa-se ir. Ele mergulhou enfeitiçado nos olhos esverdeados dela, e ela, deixou-se cativar pela sua alma de menino, um menino puro e transparente.
Foi intenso, profundo, desgastante, foi uma vertigem estonteante de paladar doce.
Ela nada tinha a perder, pois já tinha perdido tudo. Só tinha a ganhar.
Ele podia perder tudo, mesmo que tudo não tivesse, mas se ganhasse, não poderia ganhar tudo, haveriam pedaços de si que lhe seriam arrancados, ficariam moribundos e doridos a sangrar pelo caminho.
Ela estava firme, mas escondia-se no choro triste e abafado.
Ele nada dizia, estava calado.
E o silêncio feria os ouvidos estilhaçados, deixando-lhes o coração rubros de dor.
Que faz uma mulher quando já tudo perdeu e só já pode ganhar? Avança sem medos.
Que faz um homem esquecido de viver, de sentir, de amar e de se deixar amar? Que faz um homem manietado pelas circunstâncias cruéis da vida?
Que faz um homem que quer voar, mas que tem as asas feridas, que não tem energia para levantar vôo, que não tem tempo para prosseguir o sonho, que tem medo de acreditar?
E que faz um homem que para se libertar da asfixia que o atormenta? Muitos destroços pelo caminho terá de deixar.
É um cobarde?
Não, não é.
É apenas um ser humano!
Pois é...não será talvez o caminho que deseja e que necessita, mas sem dúvida "é o caminho mais fácil"...
Restam as cinzas.
Cinzas rubras, a escaldarem de ainda tanto queimarem?
Ou apenas cinzas geladas, negras e cinzentas, já esquecidas e que o vento irão levar?
Ficam as memórias ternas. Fica o sorriso dos seus olhos a mergulharem em queda livre, agora tristemente húmidos e lágrimas bem salgadas.
E mais um sonho mergulha nas águas azuis daquele rio... e começa a afundar-se... para sempre.
Ali ficará a descansar tranquilo junto de outros sonhos sonhados, mas que também se escaparam, fugiram com medo ou apenas pela lucidez da realidade cruel da vida.

terça-feira, fevereiro 16, 2010

Dei-te a alma

Olho apaixonadamente o teu corpo nu sobre a cama desfeita...
Sinto o desejo de olha-lo ali entorpecido,
Esquecido que existe tempo...
Deixo os meus dedos resvalarem lentamente sobre a tua pele
Sinto prazer nos teus lábios desejosos, famintos,
A deliciarem-se com o toque que sentem
Murmurei-te ao ouvido, sente-me…
Dei-te as minhas mãos a extravasar de amor,
E a tua boca transformei em taça
Que recebeu o aroma do meu vinho...
Dei-te o meu corpo como o sol se rende
Ao ocaso, no final de um dia...
E na dança de insana alegria,
Dei-te a alma, hospedei a tua fadiga,
Dos teus passos fiz o meu caminho…
Ofereci-te os braços em tão perfeito abraço,
Mais que amante, tornei-me amado…
E fiz-te assim, eternamente o meu regaço

quinta-feira, janeiro 14, 2010

Aquele Momento

Não, eu não te quero “apenas” como um amor romântico…
Desses que fazem lembrar montanhas verdejantes, lagos de águas límpidas e calmas…
Jardins floridos e namorados de mãos dadas e de sorriso nos lábios.

Ah, esta vontade incontida de te querer desta forma sem igual
Querer sentir o teu corpo endoidecido
Devastar-me de maneira animal.

Morder toda a tua boca, devora-la num beijo envolvente
Enlaçar-me ao teu corpo e ficar assim eternamente…

quinta-feira, janeiro 07, 2010

Um dia

Um dia é só mais um dia
Como se a palavra contivesse em si toda a magia
Daquela luz, do sorriso da alegria
Da chegada.

O abraço que te dou quando partes
Mesmo ficando

Aquela musica que se ouvia
Um homem deitado, só
Sorria
Sentimentos ganhando pó

Um dia é só mais um dia

terça-feira, dezembro 29, 2009

Preferia ficar naquela penumbra fria, escura e escorregadia de onde apenas saía por alguns instantes para mostrar o rosto. Não compreendia os outros que procuravam e buscavam a luz, para ele era uma desnecessidade e um esforço vão. Detestava a luz quase tanto como aquela obscuridade
Consciente do peso que arrastava penosamente exibindo um desgraçado orgulho. Assim se dizia livre.

segunda-feira, dezembro 14, 2009

A feira

Juca, como de costume acordou de madrugada, um hábito que lhe ficou dos tempos em que saia para os campos guardando rebanhos. Sentou-se na velha escadaria de pedra comendo o seu naco de pão e carne, gostava de olhar a estrela d'alva enquanto ouvia o ladrar disperso dos cães rompendo aquele silêncio escuro. Olhava os monte que rodeavam a aldeia como uma corda que a apertava e estrangulava, sabia o seu contorno de olhos fechados, tratava cada giesta, cada carqueija e cada urze pelo nome, mas nunca tinha visto o mar ou viajado por um autoestrada, apenas conhecia a estrada empedrada que conduzia à outra, à de alcatrão onde apanhava a carreira para ir à feira. Ouviu no pequeno rádio de pilhas que em Lisboa corria uma revolução, que os soldados tinham, saído à rua e que se gritava liberdade em liberdade. Tinha nascido na monarquia e já tinha visto tanta que permaneceu indiferente, incrédulo, afinal era tão longínqua na capital distante, sabia que por ali tudo permaneceria na mesma.
Tocou a burra para o pasto e seguiu a pé pela estrada empedrada. Nesse dia não levava as suas rupas sujas, esfarrapadas e mal amanhadas, procurava ostentar um ar de lavrador abastado. Chegado junto do toural, começou por comprimentar velhos amigos e conhecidos. A feira era uma espécie de acontecimento onde as pessoas se encontravam, conversavam e sabiam noticias de outras terras e de familiares que viviam isolados em aldeias vizinhas –Então como vão as coisas por aqueles lados? Tens visto os meus primos? Como estão eles? – Naquele tempo a aldeia ainda não era global restringia-se e coíncidia com o limite físico da mesmas, os acontecimentos ainda não eram on line. Juca não acreditava que o Homem tivesse ido à Lua e só acreditava que a Terra girava porque sentia o vento bater-lhe na cara. Deambulou atento aos preços dos produtos que se comercializavam por lá, como quem na Bolsa procura em tempo real saber as cotações das trasações, quem subiu e quem desceu. Também ali os preços subiam e desciam consoante a hora do dia e o compromisso entre a oferta e a procura. Podia fazer uma estimativa de quanto lhe renderiam as últimas colheitas que guardava no palheiro que também servia de celeiro. Na próxima traria batatas, frutas, feijões e alguns queijos.
O dia decorreu com um certo ritual , mas sabia que antes da carreira das quatro horas da tarde teria de passar pela venda para comprar uns mimos fresco e abastecer-se do que lhe fazia falta. Juca vivia com duas irmãs mais velhas e nunca fora casado. Costumavam ir espera-lo no regresso pois sabiam que ele nunca as desíludiria.

quinta-feira, novembro 19, 2009

Exercício de memória

Deixou-se cair na cadeira. Os braços caídos, pendentes como ramos partidos de uma árvore morta.
Pensava que não tinha de se preocupar com a vida pois ela seguiria o seu rumo como sempre o tinha feito. Como o rio que corria á sua frente e onde o seu olhar se perdia, um rio de água barrenta, pesada, opressiva e viscosa. Juca o pastor como todos o chamavam lá na aldeia, olhava desprendido e alheio a tudo que o rio depositava nas margens e que tinha apanhado na sua viagem, também ele tinha abandonado pedaços de si soterrados pela poeira do tempo. Alguns não fazia questão de os recordar pelo sofrimento que carregavam, outros julgava-os pouco dignos, não que tivessem sido praticados por ele, mas que lhe tinham sido infligidos. Talvez por isso, porque ninguém sabia ou recordava ao certo, Juca ao entrar na rua direita da aldeia ao fim da tarde quando regressava da sua pesada jornada, cumprimentava todos levando a mão à boina evitando sempre olhar directamente para quem se cruzava com ele ou quando entrava na venda ou na taberna saudava todos bem alto para não se dirigir a ninguém em particular e permanecia calado olhando desconfiado através do telhado de vidro aqueles pontos luminosos, que já não eram estrelas, eram apenas pontos luminosos suspensos num imenso pano preto que cobria o céu.
Mas outros, Juca guardava bem limpos e polidos em lugar de destaque.
E assim todos os dias vai acrescentando mais um pouco ao caminho percorrido entre campos por desbravar, papoilas que são meninas que se bamboleiam ao sabor do vento, mares de espigas, canaviais, ribeiros dourados que passam pelas pedras do fundo criando miríades de luzinhas feiticeiras que embriagam os seus sentidos e um sem fim de coisas boas, mesmo com o rio barrento sempre presente no horizonte.

quinta-feira, novembro 05, 2009

Sou apenas o sentimento que se dissipa, os beijos e as carícias em fúria passageira e em constante mutação.

Sou:
O vento que te quer tocar
Sol quente, intenso a queimar
Chuva que molha devagar
A luz brilhante que te quer marcar

terça-feira, novembro 03, 2009

Path of Pain

Por vezes também gosto de ficar um pouco silencioso com o mundo, envolto numa tristesa calma, mergulhado numa certa dor alimentada por mim, que até me faz sentir bem.
Mas é necessário o contra ponto e encontrarmos motivos para nos sentirmos felizes e saborear a vida, certamente que terei muitos

quarta-feira, outubro 28, 2009

Estava uma tarde bastante cinzenta, carregada e a temperatura embora húmida muito agradável, pois podia-se andar em manga curta. Uma tarde de domingo quase perfeita.
Fui ao castelo, um paço fortificado de antigos marqueses, a esplanada fica no centro e tem sempre musica.
Acendi um cigarro que fumei lentamente, o fumo subia quase sem se desfazer, não era levado pelo vento permanecendo no ar.
Olhei com atenção aquelas paredes meias em rúinas e pensei como permaneceram muito para além de quem as mandou construir. Assim como aquela cor do céu e das nuvens lilazes tingidas pelos últimos raios de sol permanecerão para além de mim, fez-me sentir a sensação de que o tempo corria mais rápido agora, que escorria para o centro da terra. Pela primeira vez tive a certeza que precisava de ti, queria segurar a tua mão e que nunca me irias chatear…
Apaguei o cigarro no cinzeiro á minha frente e o fumo que pairava foi! Levado pela brisa que se levantou entretanto

domingo, outubro 25, 2009


Era uma vez....
Um menino divertido, brincalhão e meio amalucado da cabeça, mas sempre muito distraído. Ultimamente com um olhar tristonho perdido pelo chão..... De repente vê um vulto brilhante á sua frente, assustou-se! O vulto com voz doce disse-lhe -Que procuras por aí? Que tristeza é essa que cobre esse teu olhar?
Meio atrapalhado o menino de voz trémula diz -A princepesca não me liga....
Perguntou-lhe o seu nome. -Eu sou apenas o Fiel Jardineiro. O vulto olhou para o céu, abriu os braços e disse -Dá tempo ao tempo! O menino ficou radiante. O vulto partiu deixando-lhe um sorriso e um aceno de confiança no dia de amanhã. De novo o menino ergue seus olhos e neles se observam gotículas de saudade e agradecimento rolando pela sua face. Então, enquanto secava as lágrimas que lhe correram pelo rosto, sentou-se numa pedra debaixo de enorme pinheiro manso, este com a sua copa parecia protegê-lo como se fossem as mãos do grande vulto. Á sua frente estendia-se um prado verde a perder de vista, salpicado por pequenos malmequeres brancos e de outras flores, um bichinho aqui outro ali. Naquela vastidão reparou numa pequena flor diferente de todas as outra, tinha uma cor diferente, ondulava embalada pelo vento, era vermelha, de uma simplicidade como uma verdade escondida, uma somente aparência frágil e a sua beleza ressaltava das demais, era uma papoila. De repente olhando esta paisagem sentiu-se percorrido por um renovado entusiasmo pela vida e compreendeu o quanto tempo tinha perdido inutilmente amargurado. Olhou para cima e ficou admirado com o que via pois, estava habituado a olhar para baixo, quase se tinha esquecido como era, viu um pássaro muito bonito, com penas coloridas, que voava livremente naquele céu azul cristalino atravessado apenas pelos raios da manhã, às vezes parecia parar e ficar suspenso numa nuvem, descrevia graciosos movimentos naquele espaço que lhe parecia inatingível. O pássaro, ao ver o menino abeirou-se dele e perguntou-lhe - Porque me olhas tão admirado? O menino nunca tinha visto um pássaro tão bonito, tão majestoso no seu voar e perguntou – Podes ensinar-me a voar como tu? Com o sol a iluminar-lhe a cara, lentamente adormeceu. Sonhava que voava com o pássaro e este lhe mostrou os lugares mais belos da região, de paisagens luxuriantes e vegetação de cores por inventar, o menino criou lá o seu próprio mundo, tão, mas tão real como o que tinha conhecido até então. Além da razão o menino possuía também a capacidade para sonhar. Acordou do seu sono, recordava feliz o seu amigo pássaro, de como o tinha ensinado a voar e só os amigos nos dão aquela paz tão difícil se alcançar. - Agora já sei voar........ Voltou para junto da sua linda papoila e disse-lhe -Agora posso voar e vou levar-te a conhecer todos os sítios que conheci. A papoila virou-se para o menino e respondeu-lhe –Sabes, eu não sou uma papoila, sou uma mulher a quem foi dado o privilégio de viver como uma flor do campo. Se um determinado Jardineiro, doce, meigo e simpático me beijar voltarei a ser mulher. Então o menino ajoelhou-se tocou as suas delicadas e perfumadas pétalas e beijo-as.....
Vitória, vitória acabou a história...............

domingo, março 02, 2008


Provavelmente, esta será a última vez que aqui escrevo alguma coisa.

Sinto que não tenho mais nada para escrever aqui, os lápis quebraram os bico, as canetas secaram e as cores estão esborratadas.

Ri-me ao ler algumas das coisas que aqui escrevi, outras provocaram em mim um aperto no coração, como se estivesse a revive-las, talvez por serem ainda muito recentes. Vai ficar aqui ganhando pó, não sei até quando, até alguém o apagar, alguém que o não vai ler.
Escolhi uma música que me parece adequada, uma musica que ouvi tantas e tantas vezes, Pink Floyd do album que mais gosto Dark Side of the Moon - Us and them.

sábado, fevereiro 23, 2008

Through monsoon

Experimento uma calma estranha, como se tivesse a certeza de conseguir.
-Eu sou capaz, eu aguento!
Não quero sentir nada ao ler-te e ao reler-te, mas as tuas palavras vencem a minha indiferença, elas arrastam-me para onde eu não quero ir.

quarta-feira, fevereiro 20, 2008

Under construction.

This Site is Under Construction.


Alguma coisa nestas fotos para além do aspecto estético, que eu acho curioso e interessante, me prendia a atenção. Algo mais do que apenas as imagens, um sentido metafórico, a deformação da realidade que o reflexo imprime ao nosso olhar, assim como muitas vezes a nossa mente, os nossos sentidos, desejos e fantasias deformam!







Coming Soon...



terça-feira, fevereiro 12, 2008

Palavras que mentem


Às vezes as palavras mentem e atraiçoam-nos!
Dizem o que não queremos ou sentimos. Falam pouco, contam romances derradeiros, deixam-nos acreditar na vida por alguns instantes até o sorriso acabar.
No fim a palavra morre numa sílaba atónita agonizando e reiterando que não fala mais nada.

Há um deserto a separar-nos, pensou. Depois amachucou a folha como se amachucasse as palavras que desdizem tudo o mais. Agarrou-a de novo! Rescreveu: O deserto é o que nos une.

É na noite que encontro o meu reduto e nele não preciso de gritar ao mundo o que sinto, vou sonhando e sonhando grito! Foi a noite que me ensinou a escutar palavras melódicas sussurradas aos meus ouvidos, nelas sinto a força e a esperança de te reencontrar. Simplesmente, porque acredito que nunca é tarde demais!
Nos teus olhos, no teu sorriso encontrei a paz, é quando o silêncio eclode, que a minha divaga livremente ao ritmo do meu coração.
Sussurro-lhe em resposta – Aguardo que o tempo nos una.

Não creias em minhas palavras... Se algum dia te disser adeus, jurar nunca mais para ti voltar, que não te quero mais e que já te esqueci.

segunda-feira, março 26, 2007

Rédea curta

Estranho, preocupante ou talvez não....
Desde que vi militantes do PCP militarem actualmente no PSD, já tudo é possível, pois pois ... Então não é que para aqueles que votaram (não sei se são representativos) o maior português de sempre foi o Dr. Salazar, com tantos homens bons que fizeram coisas extraordinárias foram, escolher um ditador que perseguiu, torturou, tirou a liberdade, mandou matar tanta gente, mergulhou Portugal num período cinzento durante 40 anos e mandou para uma guerra estúpida milhares de jovens. Estará este povo saudoso de um homem destes, será que este povo não aprendeu nada com o passado e gosta de andar de rédea curtas??? Não me parece que seja, porque todos gostam de ter o seu biscatezinho de ilicitude, o seu segredo e a sua escapadinha. Tinha sete anos quando a revolução saiu para a rua, mas como gosto de perceber o que se passa á minha volta procurei informação sobre este período da nossa história contemporânea e não me pareceram tempos para deixar saudades. Talvez a culpa seja de parte da classe política dirigente e de tudo o que falhou desde o 25 de Abril. Mas se queriam manifestar essas indignação e descontentamento podiam ter escolhido outra carta sem a imagem de Salazar tinham o Aristides , o Pessoa , tantos. Parece que queremos dar razão a quem diz que já não faz sentido comemorar Abril, isto e as taxas de absentismo nas eleições, compreendo o voto de protesto mas discordo da forma, já votei em várias forças políticas conforme o que julgava melhor para Portugal naquele momento e já votei em branco, mas votar sempre, vote-se onde se votar, mas votar, por duas razões: Primeiro é um direito e em consideração e respeito aos que lutaram e alguns deram a vida para que isso pudesse ser possível presto-lhe a minha homenagem. Segundo por mim não dou pretexto a qualquer aspirante a totalitário pensar: Se eles não querem escolher nós escolhemos por eles.

sábado, março 24, 2007


Quando olho para trás e trago do fundo da memória a longínqua infância, relembro aqueles tempo de uma inocente serenidade calma, como se fizesse um load, consigo ver as cores, sentir os cheiros e ouvir os risos dos que brincavam comigo, recordo uma infância feliz Não líamos livros de super-heróis, pois nós criávamos as nossas próprias aventuras e vencíamos todos os perigos, nós éramos os heróis da nossa rua e do nosso mundo. Ultimamente tenho imaginado um desses super heróis, melhor, eu próprio vestir a pele dele O Justiceiro da Máquina voadora um motoqueiro rebelde e irreverente vestindo o seu blusão de cabedal, será o desejo de sentir novamente a adrenalina de novas lutas e perigos, será saudades desses tempos, apenas procuro liberdade e evasão montado nesta máquina voadora e que me rebelei contra o mundo? ou será que inconscientemente sinto que me faltam as forças e preciso ser super para vencer o dia-a-dia, ser super-pai, super-marido, super-funcionário, super, o super ....... um super que não está disponível para ajudar os outros ocupado em salvar-se a ele próprio, em que a sua causa é ele mesmo. Será o nosso mundo um mundo só para Super-Homens e Super-Mulheres?????

Mas na nossa condição de humanos temos defeitos, virtudes, vícios, falhas, horas de maus humores...... se não conseguirmos lidar com a nossa condiçaõ nunca seremos felizes, a busca desse ser Super conduz-nos inevitalvelmente á desilusão, á frustação, á depressão e eu prefiro ser apenas um ser humano feliz que um super infeliz, assumo os meus momentos de perguiça, de laser, de brincar despreocupado com outra criança que eu fiz nascer.

quinta-feira, junho 29, 2006

High voltage

Às vezes gosto de sentir a alta tensão da vida, na mistura que ela tem de real e imaginário.
Gosto da alta voltagem, gosto de uma boa luta, mas tudo isto exige um contraponto, que se constrói no aceitar a magnitude da vida, com o que ela tem para nos oferecer: às vezes aquilo que se gosta muito e outras o que se gosta menos, abrindo assim espaço para a nossa insatisfação pessoal e inconformismo, que pode funcionar como motor ou catalizador na busca e concretização dos nossos sonhos e objectivos.
Induzir é condicionar ou acelerar aquilo que já estava destinado ou já existia latente. Construir ou juntar pedaços, recombinando-os em novos estados, assim construir é criar. Já todos sabemos que por vezes para sentir o mais é preciso viver o menos… e que às vezes não é tão bom de viver. Talvez porque fomos culturalmente habituados a querer sempre o mais. Hoje foi assim, até receber um telefonema que me lembrou uma falha de energia que gerou um colapso de informação. Uma nódoa no dia profissional.

quarta-feira, junho 21, 2006

Várias & Breves

Escovar a seco

Começo a pensar seriamente que é um problema dos filmes de Hollywood…
Ou em última análise o problema é meu… mas como conseguem nos filmes/séries escovar os dentes sem fazerem qualquer espuma?!?!?
O problema pode parecer insignificante, mas será que sou o único ser deste planeta a colocar dentífrico na escova?!? Será que existe pasta de dentes que escova sem fazer espuma?!
Lavagem de dentes a seco?!?!
Não é que em qualquer representação o pessoal fica a escovar os dentes apenas com água?! E esfregam, escovam, falam, e cospem simplesmente água… não que seja bonito estar a ver a nossa actriz ou actor favorito a babar-se com a espuma mas ao menos sei que o tipo escuta os conselhos do seu dentista!!!!
Não entendo como com tanta campanha de apoio a comer melhor, fazer exercício, fumar e beber ninguém se manifeste contra os que lavam os dentes sem dentífrico!!!! Slogan: Vamos fazer espuma!!!

Problemas de lógica

Corro o risco de ser o único a pensar nestas coisas… mas acho que sempre foi assim nas filosofias baratas que escrevi anteriormente!!!
Um acontecimento tem lógica… ou faz lógica?!?
Será a mesma coisa? Sinceramente não sei… mas sei que já corrigiram pessoas que falaram que uma coisa faz lógica (é claro que a pessoa que foi corrigida só posso ser eu!!!)
Ora bem… pensei sobre isto e cheguei à seguinte filosofia:
Um acontecimento tem lógica no final, isto é, quando chegamos ao fim e o resultado do nosso raciocínio e acontecimentos tiveram o resultado esperado podemos afirmar “tem lógica”… uma espera que pode demorar algum tempo!!!
Um acontecimento faz lógica durante o encadeamento de acontecimentos… se “A” tende para “B”… e “B” tende para “C”… faz lógica que “A” tende igualmente para “C”!!! Ora bem, as várias situações vão sendo classificadas como fazendo ou não lógica!
Então podemos determinar que a sucessão de acontecimentos fazendo lógica fazem um processo ter lógica!!!
Será que então estão assim tão distantes?!


No fim aprendemos...

Acredito que devemos agir de acordo com o que sentimos, com aquilo que consideramos certo, no momento.
Que importa hoje, sabermos se estamos certos ou errados?! Mais que procurar saber qual o caminho certo, o importante mesmo é acreditarmos nas escolhas que fazemos. No fim, saberemos se foi ou não a melhor escolha. No fim aprendemos e crescemos com os erros que afinal foram cometidos. No fim sentimo-nos mais realizados e confiantes por termos tido coragem de termos feito "aquela" escolha que parecia difícil.
Sejam quais forem as escolhas vais ter sempre toda a gente a apoiar... a celebrar, as pequenas vitórias que te vão preenchendo.
Que importa agora?! Vive em conformidade com o que acreditas no momento. O acaso por vezes... é bom.

segunda-feira, junho 12, 2006

O mais pequeno conto de fadas de sempre

Era uma vez um rapaz que pediu a uma rapariga
- Casas comigo?
A rapariga disse - NÃO!
E o rapaz viveu feliz para sempre:
foi à pesca, à caça, ao futebol, andou de moto aos fins semana, ski no Inverno, saiu à noite e bebeu cerveja sempre que quis...

Vitória, vitória
e acabou a história

quinta-feira, junho 08, 2006

Os Homens São Absolutamente Inteligentes no que se Refere à Causa e Efeito

Nós os Homens somos Absolutamente mais Inteligentes no que se Refere à Causa efeito do que elas! Por vezes, questiono-me se o facto, das mulheres e dos homens terem uma inteligência tão diferente, não terá um dedinho sádico de uma qualquer Deus criador, que nos lançou tão distintos para o mesmo contexto e se diverte enquanto nos vê numa tentativa desesperada a tentar perceber as instruções de funcionamento do outro. Como se estas diferenças fossem explicáveis! Os homens são inteligentes, absolutamente mais inteligentes! Reparem no que criamos e concretizamos. Não existe absolutamente nada que nós idealizemos, que não sejamos capazes de criar. Até parece, que temos que estar sempre distraídos! Mas, falta-nos algum sentido emocional. Aquilo com que, as mulheres nascem, para nos vir lixar a vida! Para nós chorar significa que está com uma dor física, necessariamente muito mas muito forte. Em simultâneo, parecemos ter interiorizado a postura de “temos que ser valentes, estamos em guerra”. Observem, por exemplo, quando falamos de futebol, de negócios, de carros e até mesmo de mulheres, colocamos sempre a mesma expressão de “assunto importante” e não serão mesmo? Expressão essa que levou as mulheres a adoptarem, enquanto nos escutam, um mecanismo de dissociação mente/corpo, acompanhado por um leve aceno de cabeça e um sorriso, cujo significado se prende com: “Sim, sim… Estou a acompanhar-te. Vais ter uma sorte!”. Pelo menos esforçamo-nos! O homem expressar-se de outro modo? Imaginemos: - ”Ontem conduzi um carro, nem imaginas... Senti uma felicidade extrema! Senti-me tão livre.”? Hein?
A mulher, pelo contrário, devido à herança genética dos pompons e rosas bebé, revela tendência acentuadamente exagerada para carregar tudo o que é linguagem verbal com um camião de sentimentos e emoções, coloca emoção em tudo o que faz e pensa. Ah sim, isso é que é saber colocar emoção: - “Nem imaginas, querido... Hoje, no trabalho, o fax avariou. Apanhei um susto... senti-me tão ansiosa, tinha algo importantíssimo para enviar...” e bláblá e mais bláblá. Nesse instante, sentido intensamente pelo homem, enquanto tenta colocar um olho na televisão e outro na mulher e, em simultâneo, tenta direccionar o seu sentido auditivo para a TV, vai pensando: “Blábláblá.... Não há forma de se calar. Já percebi a mensagem, o fax avariou!”

Como o Homem Objectiva as Emoções:

Ela: - “Sinto que algo está a falhar na nossa relação. Este vazio sempre latente, é como se existisse um desequilíbrio na nossa forma de estar e de investir. E tu? O que consideras que poderíamos melhorar? O que te incomoda na minha forma de ser?”.
Resposta do homem, após 5 minutos de reflexão: “- Estas a ver a rotação de um motor? Imagina-o sempre no máximo" – responde, enquanto imita ruidosamente um motor no máximo da sua potencialidade, esticando-se um bocadinho no tempo de imitação como se estivesse preparado para começar a brincar e tudo o resto tivesse ficado esquecido, e prossegue – “Estás sempre assim acelerada.” – e, finalmente, conclui – “Mete outra mudança ou tira o pé do acelerador”.
Esta situação exige uma medida drástica, ou ela começa a dominar a mecânica dos carros ou o homem começam a frequentar aulas sobre expressão emocional! Começo a concluir que o problema se restringe à forma como comunicamos. Enquanto que, as mulheres não conseguem parar de “poetisar” tudo o que é frase, os homens não prescindem de “engenharizar” tudo o que é sentimento! E assim se discute uma relação… Será que é por estas pequenas coisas que dizem que o homem e a mulher se completam devido à ambivalência experienciada – ódio e amor?
Será que esta falta de comunicação se deve a uma fuga no tubo de escape ou a um mau funcionamento na vávula de abertura na admição de ar no carburardor?
De facto torna-se difícil encontar esse ponto de equilibrio tendo Homens e Mulheres sensibilidades diferentes, ou será apenas uma questão de lógica invertida 0=1 e 1=0 não viessem os bites e os bytes.

quinta-feira, junho 01, 2006

Verso para o Francisco- O meu pimpolho

Não quero, não quero não
Ser soldado nem capitão
Quero um cavalo só meu
Seja baio ou alazão
Sentir o vento na cara
Sentir as rédias na mão
Não quero muito do mundo
Antes saber-lhe a razão
Sentir-me dono de mim
Ao resto dizer que não
Não quero, não quero não
Ser soldado nem capitão


sexta-feira, maio 12, 2006

Longa se torna a espera

Pelo beijo de alguém, ver seus passos em nossa direcção, seus braços abertos e minha boca na dela....
Ser mel na tua boca sentir uma doçura louca, murmúrios sussurrados entre lábios e nossas mãos irrequietas procurando o segredo dos nossos corpos que se colam e ardem no fogo da paixão e do desejo.
Longa se torna a espera...

quarta-feira, maio 10, 2006

Sonhar...

Se o sonho é aquilo a que nos podemos permitir livremente, sonhemos! É como abrir janelas e deixar o sol entrar dentro de nós, sentirmo-nos vivos, só quem sonha pode alcançar esse sonho.

Viva o sonho.........


Vi que estava certo, que não era o único sonhador, não seremos todos sonhadores solitários a sonhar para dentro de nós mesmos, sem força para agarrar e seguir este sonho como que agarrados a um balão ou uma folha que se desprende da árvore e é levada pela corrente do rio, sem princípio nem fim.
Colocaste mais uma grade à tua volta, castraste sentimentos que se querem livres. Chega a hora dos encontros de fim de tarde e eu continuo “Where the streets have no name”

segunda-feira, maio 08, 2006

Afinal o homem é engenheiro.

Imagine-se a seguinte situação: A parede de um edifício apresenta uma enorme deformação e corre sérios riscos de ruir. Em volta desta, uma multidão assiste e participa numa acesa discussão sobre as medidas a tomar, mas, a discussão toma vários sentidos, a moral e os bons costumes, a ética política, teorias sociais e religiosas tocando os aspectos metafísicos da questão.
Rompendo por entre a multidão, alguém se aproxima e observa atentamente os factos numa perspectiva objectiva, ciêntifica e rigorosa.
- Isto é o resultado desta e desta força que actuam neste e neste sentido, pressionam e obrigam a parede a ceder. Os possíveis pontos de rotura são estes e estes! Vamos colocar escoras aqui e ali, reforçamos neste e no outro lado....pegaram nas pás e talochas e refizeram a parede.
Foi o que aconteceu neste nosso Portugal com este governo em relação aos anteriores PS, PSD/PP, estávamos habituados a ver os políticos a muito falar, a populismos calculista, a um nunca acabar de demagogia e a retóricas ruminantes que nos levam a sentir uma certa indiferença, quase nos habituamos e conformamos com este fastio a lembrar um romance "existencialista" onde se cultiva a dúvida, a descrença e a falta de fé com grande melancolia ou as obras de Albert Camus, O estrangeiro (1942) e Samuel Beckett, Wating for godot (1965), referências da literatura e teatro que adoptaram o absurdo como tema. Esta filosofia baseava-se na crença de que a vida é irracional e não tem qualquer sentido. Em Camus essa irracionalidade manifesta-se nos pensamentos e atitudes do personagem, já em Wating for godot está no próprio acto de estar à espera. À espera de que? De quem? Para que? Algo que nunca chegará, para nós essa espera pode ser: um acontecimento, uma paixão, uma pessoa, Deus........... As personagens permanecem numa inércia e imobilidade continuada e repetida, as suas vontades não têm força para produzirem acções concretas, limitam-se a ir vivendo num mundo sem sentido e a que alguém tome medidas por eles.
O homem chega e observa, o défice é por demais elevado, temos funcionários públicos a mais, insegurança na rua, 1/3 dos policias nas esquadras a fazer serviço administrativo e todos os anos entram mais agravando o orçamento do estado. Claro está que solução é fácil de ver, passam-se alguns funcionários públicos para as esquadras e escolas, (vê o que outros não viram, não quiseram ver ou não tiveram coragem de alterar???) com a mesma facilidade mexe na justiça, saúde, segurança social, educação, cria o choque técnológiaco e o simplex. Não pretendo defender as medidas em si, que podem ser discutíveis e são muito, não vou entrar por ai, mas, sim salientar a coragem e a determinação de romper com o tal imobilismo, o deixa andar que o tempo resolve (agrava).....algumas poderão ser demasiado drásticas, isso deve-se ao estado a que esta parede chegou, as fissuras da corrupção, fuga aos impostos, inresponsabilidade política, desgoverno, atrasos científicos e tecnológicos são enormes e os buracos financeiros gigantescos, mesmo a precisar de uma reforma estruturante. Parece que este país esteve perdido no espaço e no tempo, emergindo agora numa realidade que não é a sua. Posso estar a ser muito crédulo, mas quero pensar que estas medidas são para bem de todos nós e assim evitar a queda de todo o edifício.
Será que esta forma simplificada de ver os problemas lhe advém da sua formação em engenharia civil?????

sexta-feira, maio 05, 2006

Terão as mulheres antenas que nos lêem os pensamentos


Ai ela era tão bonita.....
Já repararam como as mulheres estão mais bonitas esta ano, ou serei eu que já não me lembro como estavam o ano passado, mas que estão bonitas estão, será de se produzirem mais, do tempo quente, de nos mostrarem aquelas barriguinhas sexys e seus umbigos Sweltese, será que andam sincronizadas com os ciclos da natureza e nesta época mais fecunda em que as hormonas nossas e delas andam num corrupio frenético querem que reparemos mais nelas?
Qualquer estudioso e conhecedor da teoria evolutiva nos diria que fomos programados geneticamente para isso enquanto ainda eramos siamescos, possivelmente terão razão, mas o que interessa isso.
“... andava eu atrás dela, como o príncipe atrás da cinderela....”
Olhei para o lado, como que movido por uma força estranha a mim ou tivesse captado alguma vibração vinda daquele lado. Por breves instantes iludi-me, está a olhar para mim, percebi que não, estava a olhar para alguma coisa junto de mim como se olhasse para o infinito e pensasse em algo muito abstracto, durante dois ou três segundos não consegui desviar o olhar, mesmo sabendo que estava ser indelicado enquanto ela bebia suavemente o seu café. Ai ela é tão linda... Olhando já em frente senti-me a sonhar a flutuar pelo espaço, via montes de feno e nossos corpos meios desnudos, eu soprava-lhe delicadamente atrás da orelha, mordiscava-lhe os lóbulos, tocava-lhe suavemente, sentia o seu cheiro e o seu gosto.
“... vem, vem a minha casa, rebolar na cama e no jardim, acender em nós a chama ...”.
Cruel aquela indiferença apesar do meu ar de cachorrinho abandonado, tentando apelar ao seu sentimento protector.
Não resisti e volteia olhar. Enquanto colocava as moedas em cima da mesa, deixou “escapar” um sorriso quase imperceptível, como dizendo ouvi cada palavra que disseste dentro de ti e vi cada pensamento teu na tua cabecinha. Será que as mulheres têm um radar para lerem os nossos pensamentos ou seremos nós tão previsiveis que lhes permite terem aquele ar?
Ai ela era tão bonita......

quinta-feira, maio 04, 2006

As farpas do mal entendido


No dia 14 de Fevereiro ocorreu uma tragédia numa pequena aldeia no interior português.

- Cale-se! Conta o resto no posto, está lá o chefe que tem a 4ª classe e sabe escrever à máquina.

Esparava-os o 2º cabo Aramias (o praça mais graduado).

- Então conte lá o que se passou!

- Bem foi assim, ia Germias Euclides e Zé Pequeno a descer a ladeira abaixo, Germias precipitou-se no precipício e caiu...